Para quem gosta de projeções e análises pertinentes, o ex-Prefeito, ex-Deputado Constituinte e ex-Secretário de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro, economista Cesar Maia, apresenta este texto.
"O QUE
OCORRERÁ COM ABSTENÇÃO, BRANCOS E NULOS NO DIA
26/10/2014? COMO INFLUENCIAM O RESULTADO?
1. As pesquisas são feitas em base às
informações do TSE, que incluem gênero, idade e local
de votação. Os demais recortes são feitos em base
censitária pelos Institutos de Pesquisa. Dessa forma, a base
das pesquisas é o total do eleitorado, incluindo, portanto, o que na
urna se saberá em relação a brancos, nulos e
abstenção.
2. Quando as tendências do eleitorado são
estáveis, a abstenção não altera os resultados
das pesquisas de opinião. Mas quando a intenção de
voto dos eleitores é volátil, a abstenção pode
mudar tudo. E se a volatilidade é grande, até mesmo os
brancos e nulos podem mudar no dia da eleição. Mudar em dois
sentidos: decidir votar, ou os que decidiam votar, nas pesquisas, na hora
do voto, anular ou votar em branco. Segundo o Datafolha, 15% dos eleitores
decidiram em que presidente votar, no primeiro turno-2014, na
véspera e no dia da eleição. Esse número tende
a ser menor agora com apenas 2 candidatos. Mas quão menor?
3. Vamos aos números. As pesquisas de intenção
de voto no segundo turno vêm dando uns 10% de brancos e nulos, mais
de três vezes a diferença entre Dilma e Aécio. E fazem
abstração –como é natural- da
abstenção, mesmo sabendo que estará próxima a
20%, supondo, como tradicionalmente ocorre, que não influenciam o
resultado da eleição. Será?
4. O que ocorreu nas últimas 3 eleições?
Em 2006, no primeiro turno os votos brancos/nulos foram 8,4% e a
abstenção 16,75%. No segundo turno, os brancos e nulos
caíram para 6% mas a abstenção cresceu para 19%. Em
2010, no primeiro turno, os brancos/nulos foram 6,7% e a
abstenção 18,1%. No segundo turno, os brancos/nulos cresceram
para 8,6% e a abstenção subiu para 21,50. Em 2014, no
primeiro turno, os brancos/nulos atingiram 9,6% e a abstenção
19,4%.
5. Com uma campanha em 2014 -no segundo turno- muito mais disputada
e polemizada, é provável que a abstenção seja
próxima de 2010, quando a eleição ainda não
estava completamente definida uns 10 dias antes da eleição.
Ou seja, 21,50%. Mas a tendência dos votos brancos/nulos não
se pode prever em função das agressões
recíprocas. Suponhamos que os 9,6% do primeiro turno se
repitam.
6. Fazendo os ajustes, 25% dos eleitores não
influenciarão os votos válidos. Supondo que metade da
abstenção é compulsória (doentes, muito idosos,
estão ou moram fora de seu registro eleitoral, presos...), esses 25%
baixam para uns 18%. Supondo que os brancos/nulos sejam os mesmos eleitores
das pesquisas de intenções de voto, aqueles 18% baixam para
9%.
7. Usando como referência uma série de
eleições, os números de um ou outro candidato
só podem sinalizar favoritismo e vitória se as pesquisas
finais indicarem uma vantagem de 5 pontos sobre os votos totais. Nas
pesquisas já publicadas do Datafolha e Ibope, esta vantagem ainda
está em torno da metade desses 5%.
8. Ficando nessa metade, só a urna nos dirá quem
venceu."
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